terça-feira, agosto 28, 2007

Quem ressona mais alto?

— Ai que não estou a perceber nada. A dótoura tem uma forma esquisita de falar.
— O Bilhas diz o mesmo, vá-se lá perceber porquê. Sou clara como água e a minha amiga que é feliz diz que afinal e bem vistas as coisas sou normalzinha da silva.
— Cada vez entendo menos. A dótoura fala que língua?
— Depende. Língua afiada, viperina e tem dias que erudita. Naqueles em que me dá a mania que até tirei licenciatura em universidade (in)dependente.
— Pois...E depois não percebo nada. Já nem sei se esta terapia me faz bem ou mal.
— Olhe já somos duas mas não vale a pena esmorecer.
— Em que é que ficamos?
— Não ficamos. Tenho lá fora cliente para a hipnose.
— Vai ficar a dormir?
— Espero bem que não porque o homem ressona mais alto que a ronca da Barra.
— Volto pra semana?
— Volte, volte, pra semana há concurso e prémios!
— Boa! Qual?
Quem ressona mais alto? O que ganhar habilita-se a uma terapia num sofá bem longe daqui!
...
Highzinha a delinear regulamento para o concurso

segunda-feira, agosto 27, 2007

Borboleta

— Olhe, dótoura, tenho um blog!
— Parabéns. Leve os saltos!
— Que raio, pra quê?
— Para pendurar lá.
— Nem pense, dótoura, o meu blog é muito sério. Muito introspectivo, está a ver, que eu não sou como umas e outras que se põem a inventar coisas.
— Ah, não me diga. Fala de quê?
— De mim, claro, e da minha vida, alguma coisa mais interessa?
— Pois, agora assim de repente também não me ocorre mais nada. E o que a traz aqui?
— Preciso de conversar, dótoura.
— Sobre quê, posso saber?
— Sobre mim.
— Não lhe chega o blog?
— É virtual.
— A sua vida?
— Não, o que lá escrevo.
— Mas não é sobre as suas vivências?
— Sim, de certo modo.
— Mau. Em que é que ficamos?
— Sabe, às vezes invento um bocadinho só para tornar a coisa mais interessante e verosímil, percebe?
— Claro. Mas tudo com muita honestidade.
— Nem mais. É um blog muito sério. Não sou como umas e outras que se acham muito engraçadinhas.
— Pois...
— E depois o blog é meu, dótoura. Escrevo lá o que me apetecer.
— Ah, claro. Olhe, Borboleta, pare de mexer as asas que se me arrepiam as pestanas.
— Gosta das minhas cores?
— São lindas.
— Também acho, são as cores do meu blog e Butterfly é o meu nickname.
— Caríssima, vamos ao que interessa. Fale-me de si.
— Ainda não fiz outra coisa, dótoura, o blog é a minha vida!

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Highzinha a juntar paciennnntemente mais uma pérola à sua colecção de cromos
Espreite aqui!

sexta-feira, agosto 24, 2007

Where’s my red nail polish?

— Ora diga lá, querida, a que devo a honra?
(silêncio)

— E o caríssimo, que mal lhe pergunte, padece de alguma coisinha?
(silêncio)

— E a menina aí, o gato também lhe comeu a língua?
(silêncio)

Ai c’uns diabos! Isto (re)começa bem. Invadem-me o consultório, instalam-se no sofá e ficam para aqui a olhar para mim com olhos de carneiro mal morto e mal cheiroso.

Assim c’uma assim vou pintar as unhas.
Where’s my red nail polish?

Pronto, assunto arrumado. Assim que lhes falo em estrangêro dão logo à sola.

Ora deixem cá ver onde pus o número daquela clínica além mar. É desta que tiro curso de hipnose* pelo telefone:
Dr.ª High Heels Hipnoterapeuta para todas as questões de salto alto, efusiva, volátil e sem aftas na língua.”
Hum, falta ainda qualquer coisita. Vou acrescentar “brilhante”! Yeah! That’s me!

...

Highzinha de volta do currículo, a pintar as unhas dos pés e a fazer a primeira sessão de hipnose às piranhas do aquário (chiça! Que azáfama!)
* Se acharem a música demasiado agitada para o estado de hipnose que se impõe, avisem sim? Ai que sono! Oxalá não ressone e não conte a minha vidinha toda desde pequenina. Seria uma escandaleira!

Ai, sinhores, que raio se passa aqui?

Ai, sinhores, ainda mal pusera o salto na ombreira da porta do consultório e já tinha sido atacada por um mar de gente proveniente do Sapo Mulher.

Alguém é capaz de me explicar o que se passa? Querem lá ver que lhes foi prometido chicalates e outros doces gulosos? Desenganem-se, daqui só levam com terapia de trazer por casa.

Vou pôr a arejar o sofá e volto dentro de momentos. Tirem ticket, please, enquanto converso com o James Blog e tento descodificar esta charada.


Highzinha em mais uma missão (im)possível

sexta-feira, agosto 03, 2007

A minha amiga é feliz

"Dr.ª High Heels, a minha amiga é feliz! Isto não é estranho?"

Pergunta escrita em papel amarelecido e trazido no bico duma cegonha que em voo arrasante me foi deixada. Mais uma missão (im)possível.
Assim que apanhei o James blog entretido com uma loira insuflada, (re)virei o papel, cheirei-o, (des)codifiquei a mensagem e telefonei à Maria Telefonista.

– Tef Maria, escreva aí antes que se faça tarde e que perca a inspiração.
– Hã? Interrompe-me assim a ligação sem mais nem pra quê? Aquele telefone custa a ligar!
– Deixe-se de tretas Tef Maria. Deixe a ligação para depois e aguente-se à bronca!
[Fado-se! Esta nem com o James blog em missão impossível no Mar das Caraíbas me deixa em paz!]
– Pense baixo, Tef Maria e não seja vulgar! Comece a dar aos dedinhos e escreva assim:

Caríssimo(a) anónimo(a)

A sua amiga é feliz.
Essa afirmação carece de comprovação científica.
É feliz, porquê?
Ri-se muito? Se for esse o caso, não se iluda, as cócegas também produzem esse efeito.
É estranho?
Claro que é. Onde raio já se viu uma amiga feliz, hein? As amigas são tristes, deprimidas e ficam horas penduradas ao telefone a carpir mágoas ou a contar tim-tim por tim-tim as maldades que fizeram ao vizinho(amigo, namorado, marido, amante what ever!). Mas felizes não são. Impossível como esta missão!

Para mais esclarecimentos é só mandar nova missiva pela gaivota que passa às 13h porque antes disso encontro-me a praticar yoga.

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Highzinha a despachar mais um caso (im)possível